Pode existir algo que é bom, mas que também é ruim? Na verdade acho que (quase) tudo na vida é assim, né?! (Quase) tudo tem um lado bom e um lado ruim. Às vezes é meio a meio, às vezes é 90% bom e 10% ruim, ou ao contrário. Estou falando isso por causa de uma característica minha que sempre achei que fosse positiva, ou fosse um desses casos 90% bom e só um pouquinho ruim. Mas hoje acho que está mais para algo majoritariamente ruim. Eu sou o tal Severino em pessoa, ou como às vezes brinco, o “Rodrigo Hilbert” manezinho (só que mais bonito... kkkk). Faço a vara de pesca, o anzol, pesco o peixe, faço o tempero, construo o forno, faço o fogo, asso o peixe, faço os talheres de bambu (já fiz uma vez de verdade, quando saímos numa pequena aventura familiar e esqueci de levar a colher pro almoço das crianças). E no final ainda lavo a louça. E isso é ruim porque faço de tudo, e não consigo ser especialista numa área.
Ter várias habilidades é algo bom, talvez ótimo, né?! Mas também pode ser algo péssimo e uma grande perda de tempo e foco. Tipo o pato, que nada, voa e anda, mas não faz nada com perfeição. Eu sou o pato, ou o tal generalista, enquanto o mundo diz que devemos nos especializar em algo.
Eu gosto de fazer muita coisa, muita coisa mesmo, e tudo ao mesmo tempo. Tenho ideias mil, e às vezes quero executar tudo junto. Estou fazendo uma coisa, no meio tenho uma ideia, dai começo a fazer essa outra ideia, e no meio surge outra ideia, que também tenho que começar porque não quero deixar pra depois, e no final comecei um monte de coisa, mas não concluí nada. Tipo agora, que estava editando fotos de um trabalho de arquitetura, enquanto penso nas fotos para um quadro de um cliente em potencial, sem esquecer da lista de tarefas da construção da minha casa, da reforma de um cliente, e no meio disso tudo, sem ter finalizado nada, resolvi parar para escrever esse texto.
Sei que no momento estou no auge da loucura de ter dezenas de coisas diferentes a serem executadas ao mesmo tempo. Afinal, reassumi a minha função de engenheiro responsável por uma grande reforma de uma casa que está na fase final da obra, enquanto estou executando a minha casa, onde além do papel de dono e engenheiro responsável também assumi as funções de projetista -encanador-pedreiro-serralheiro-carpinteiro-marceneiro, sendo que não quis abandonar por completo a minha profissão de fotógrafo nem o meu lado artista (que é o que esta mais esquecido, embora tenha o desejo de ser o que mais esteja em evidência). E no meio disso tudo não posso deixar a bola de pai e marido cair.
Mas é uma fase especialmente conturbada. E como toda fase, essa vai passar também.
A comparação com outros é inevitável, e invejo alguns fotógrafos-artistas que vivem vendendo suas fotos e quadros pelo Brasil afora. Mas a verdade é que eu nunca vou conseguir ser apenas uma coisa, fazer apenas uma coisa, ser somente o fotógrafo especialista e artista vendedor de quadros. Quando a nossa casa começou a ser algo real, nunca pensei em apenas ter a casa, e sim em fazer a casa e o que vai dentro, como os móveis. Eu mesmo fazer o que fosse possível, colocando a mão na massa, literalmente. Quando penso em ter essa vida de fotógrafo-artista, viajando por aí explorando os cantos mais exóticos, penso em fazer o meu motorhome para ter uma base móvel e levar a família junto. Não penso em comprar, penso em fazer mesmo. E gasto horas e horas pensando em cada detalhe, em cada solução para as funcionalidades desse motorhome que pode nunca virar realidade. E isso me consome, pois depois vejo que perdi um tempão pensando em algo que talvez não se realize, pelo menos não no curto prazo. Gastei um tempão pensando em um sonho distante enquanto tenho trocentas coisas pra fazer ”pra ontem”.
E para ajudar, eu ainda sou perfeccionista. Então, não satisfeito em ser e fazer tudo ao mesmo tempo, eu quero que tudo fique perfeito. E perfeição toma tempo, um tempo que já me é escasso. Mas se é para fazer de qualquer jeito, eu realmente prefiro não fazer. E como no final eu vou fazer buscando sempre o melhor, mesmo que assim leve mais tempo, as ideias e listas de tarefas vão se acumulando. Mas tenho buscado a conviver em paz com isso, já que sou assim e não adianta lutar contra a natureza das coisas. E essa é a minha natureza, ser um cara com múltiplas facetas que gosta de ser engenheiro e fotógrafo ao mesmo tempo, além de ser artista-encanador-carpinteiro-marceneiro-eletricista-pedreiro-projetista de casa container-serralheiro-empreendedor-violinista...
O que nos faz ser especialista em algo, é buscar fazer esse "algo" da melhor maneira possível, dedicando tempo e estudo para isso, sempre melhorando os processos e o resultado final. Então, penso que posso dizer que sou especialista em ser generalista.
Agora chega de devaneios e vou voltar à edição das fotos =)
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